O termo pode não ser lá muito conhecido da sociedade em geral. Nem mesmo o Word identifica corretamente sua grafia. Assim como o idadismo ou ageísmo, seus sinônimos mais próximos, o Etarismo pode ser definido como um estereótipo, pautado por preconceitos e discriminação direcionado às pessoas com base na idade que elas apresentam. Embora ele também possa ser aplicado sobre pessoas mais jovens, sua maior incidência está no trato com pessoas de idade mais avançada.
A prática do etarismo se manifesta em diversos ambientes, mas predomina na esfera familiar, de saúde e, principalmente no mercado de trabalho. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), um a cada seis idosos já sofreu algum tipo de violência, sendo o etarismo uma das mais freqüentes.
Trazendo a discussão sobre o tema para o Mercado de Trabalho, Muitas vezes o próprio descritivo das vagas traz intrinsecamente algumas expressões que são nitidamente excludentes: “perfil jovem”, “ambiente dinâmico e moderno” ou ainda em casos mais extremos chegam a limitar a idade do candidato. Uma prática que não se restringe ao processo seletivo. Em determinados casos o preconceito também é direcionado para os profissionais mais velhos da empresa, com restrições sobre determinados projetos ou participação limitada em determinadas funções.
Pesquisas realizadas por renovados institutos trazem uma realidade alarmante sobre números do etarismo em grande parte das empresas brasileiras. Dados apresentados pelo IBGE, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), CAGED, (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e o Instituto Datafolha trazem a seguinte estatística:
- + de 27 milhões de brasileiros com mais de 50 anos ainda estão em idade produtiva
- Apenas 10% das vagas abertas são ocupadas por profissionais acima dos 50 anos
- 1 em cada 3 profissionais seniores afirma já ter sofrido discriminação por idade no trabalho
- 46% das empresas admitem evitar contratar pessoas com mais de 55 anos
O etarismo nas empresas brasileiras se manifesta em diferentes situações. Seja em anúncios com exigência de idade máxima, seja no preconceito direcionado às pessoas mais velhas sobre o uso das tecnologias, falta de promoção para cargos de liderança ou mesmo comentários depreciativos no ambiente de trabalho.
Ele pode ser combatido de maneira simples e eficaz seguindo alguns exemplos como:
✅ Reformular vagas com linguagem neutra
✅ Criar programas de inclusão geracional
✅ Promover mentorias entre gerações
✅ Investir na capacitação contínua de todos os colaboradores
✅ Incentivar campanhas internas de respeito à diversidade etária
O maior desafio das empresas é como primeiro passo reconhecer que o problema existe. Empresas comprometidas com diversidade e inclusão precisam rever seus processos seletivos, substituir termos discriminatórios e capacitar suas lideranças para lidar com equipes multigeracionais. Citamos o termo em nosso artigo sobre este perfil de liderança.
No Brasil empresas como Magazine Luiza, Natura, Grupo GPA, O Boticário, dentre outras já estão com programas voltados para um mercado mais inclusivo. A operadora de telefonia TIM, por exemplo, lançou um programa de Geração Sênior, focado em contratar pessoas com mais de 50 anos.
Convém lembrar que o mesmo etarismo que restringe as oportunidades dos mais jovens ingressarem no mercado de trabalho, ainda que adotado por empresas em menor escala, afeta muito mais os profissionais acima dos 50 anos que estão vendo na prática ficar cada vez mais restritas suas oportunidades de acesso ou permanência no mercado.
Kleber de Castro